Jardins alimentares

Minúsculos trechos de terra permeável  podem e são efetivamente reaproveitados nos grandes aglomerados populacionais. As hortas urbanas mais do que uma necessidade de obtenção de genes alimentares, atualmente são uma nova moda (biomoda), uma forma engraçada de passar o tempo, mergulhando no silêncio atormentador( falta de comunicação e proximidade entre as pessoas) e na azáfama diurna, modelada pelos mecanismos citadinos. Blocos de terra subdivididos infinitamente, minúsculos canteiros subaproveitados que suprimem o silêncio das ruas homogéneas. A criação de pequenas hortas urbanas contribui efetivamente para a manutenção da simbiose valorativa estabelecida entre a biodiversidade citadina e as populações humanas. Nas povoações humanas escasseiam os green spaces, o que intensifica os processos de escorrimento superficial, e na eventualidade de um abatimento pluvial, as consequências serão imediatas.  As elevadas taxas de impermeabilização reduzem grandemente a capacidade de infiltração dos solos, as hortas acabam por operar como instrumentos físicos de regulação dos caudais de cheia. Os produtos originários desses espaços funcionarão como um meio através do qual os agricultores citadinos possivelmente aumentarão os seus rendimentos. Os pequenos green spaces, albergam uma multiplicidade destacável de espécies (formigas, lagartixas, pássaros e etc.), espécies que alimentam as nossas vidas movidas pelas ornamentações sociais, de alguma alegria  (menos silêncio). A gradação qualitativa, em termos de  fertilização dos solos com recorrência a resíduos orgânicos, diminui drasticamente a produção de resíduos urbanos (compostagem), e acabará benefíciando a  qualidade dos alimentos, pois utilizam-se essencialmente métodos mais biológicos. Na  realidade nem tudo são rosas, os jardins alimentares, em especial os mais próximos das vias de comunicação muito ocorridas, provavelmente concentram níveis perigosos de poluentes como o zinco e chumbo, níveis limites de poluição que poderão causar distúrbios acentuados na saúde pública. A solução passa provavelmente pela implementação de reformas ambientais fortes no sentido de proteger a qualidade dos produtos criados nos grandes núcleos populacionais, desenvolvendo mecanismos através dos quais possamos diminuir a poluição urbana e criar plataformas de consciencialização dos cidadãos de forma a garantir que todos sejamos mais bioativos.