O cavalo Dülmen

Os pré-históricos equídeos Dülmen, acinzentados como as nuvens amontoadas de água, já cursam as extensas estepes centro-norte europeias à seculos, mas infelizmente a expansão urbana minguou o seu habitat natural e paralelamente a caça, por causa da sua pelagem e carne quase o extinguiram, chegando a haver apenas cerca de 17/20 indivíduos, que conseguiram fugir para uma zona de floresta alagada, no norte da Alemanha. Esta preciosidade do velho continente Europeu, diferencia-se de outras espécies de cavalos selvagens como o Garrano e o Sorraia em Portugal, o cavalo selvagem siberiano, na Sibéria (Rússia), devido a particularidades físico-morfológicas como a longa lista negra que reparte proporcionalmente a zona dorsal, e as pequenas riscas na parte inferior dos membros, riscas igualadas às dos seus similares africanos. Antes de beberem, a matriarca do grupo, a égua mais velha e experiente, para se certificar de que efetivamente não existem perigos, aproxima-se da água, batendo com os membros superiores na mesma, posteriormente e após confirmação da inexistência de predadores, toda a manada pode saciar a sequidão, este instinto peculiar remonta provavelmente a tempos longínquos, tempos em que avultados predadores ainda se saciavam nas bravias bacias hidrográficas Europeias. Outra característica desta espécie, e que é visível em muitas outras espécies de mamíferos e não só, é a agregação de vários microgrupos familiares, encabeçados sempre por uma matriarca, o que aumenta gradativamente as possibilidades de sobrevivência do grupo, fomentadas pelo seu carácter social (inter-ajuda), herdado dos seus ancestrais. No seu cardápio integram-se: cascas de árvore (contém ácido que impede os parasitas); folhas e tufos de vegetação rasteira, apesar do seu diminuto estômago  passa grande parte do dia a comer, para conseguir responder às suas necessidades nutricionais (vegetação rasteira, normalmente é pouco nutritiva). Com a chegada da primavera, os equídeos, a par de muitas outras espécies de animais, recorrem à luta. A competição cataloga-se como uma relação inter-especifica, na qual os indivíduos, actuam para garantirem a sua sobrevivência pessoal. Os garanhões utilizam as patas traseiras (coices)  e as mordeduras para dissuadirem os opositores, desta forma os garanhões mais aptos transmitirão  aos seus descendentes os seus atributos, contribuindo direta e indiretamente para a gradação da qualidade genética. Num determinado período do seu processo flexível de evolução, um processo contínuo e ainda activo, não se pode assegurar que outros indivíduos provenientes, talvez de latifúndios, não se tenham verdadeiramente integrado nos agrupamentos, no entanto, e em oposição ao sucedido com outras espécies, como anteriormente referido, espécies que durante um determinado período, foram fortemente influenciadas, direta ou indiretamente, por outras espécies usurpadoras, acabando por vincularem os seus traços endógenos, contribuindo para a degradação efetiva da riqueza genética fecunda, os equídeos Dulmen conseguiram manter as suas especificidade. Os quadrúpedes Dülmen, não são e nunca foram uma ilha, nunca estiveram integralmente isolados, quiçá o possível cruzamento com outras espécies, tenha representado uma aquisição de novas particularidades que acabaram por não se estabelecer ao longo dos tempos, prevalecendo a sua autenticidade original, dando origem ao continuado e regular processo evolutivo, tendo por base os seus ancestrais bravios, totalmente livres, no pleno significado do vocábulo liberdade. O cavalo Dülmen, de volta em vez é evocado como o representante máximo do espírito de liberdade e beleza imaculada e inalienável às planuras europeias.